ONU preocupada com a deterioração da crise Humanitária

ONU manifesta preocupação com deterioração da crise humanitária em Ghouta, na Síria



No leste de Ghouta, na Síria, cerca de 400 mil pessoas estão sob cerco. Chefe humanitário da ONU, Stephen O’Brien, pediu “ação imediata do Conselho de Segurança” para acabar com o conflito no país.
Famílias evacuadas do leste de Ghouta, na Síria, em abrigo coletivo de Dahit Qudsayya. Foto: OCHA/Josephine Guerrero
Famílias evacuadas do leste de Ghouta, na Síria, em abrigo coletivo de Dahit Qudsayya. Foto: OCHA/Josephine Guerrero
A ONU manifestou nessa semana (1) forte preocupação com a deterioração da situação humanitária e da segurança na região oriental de Ghouta, na Síria, onde cerca de 400 mil pessoas estão sob cerco.
“As Nações Unidas não conseguiram alcançar nenhuma parte do leste de Ghouta desde outubro do ano passado”, alertou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, em reunião na sede da Organização, em Nova Iorque.
Ele afirmou que a ONU está pronta para entregar ajuda humanitária aos necessitados na região, mas, para agir, precisa que uma trégua seja estabelecida e respeitada por todas as partes em conflito.
“Com o contínuo bloqueio dos fornecimentos comerciais e humanitários, os preços dos produtos básicos aumentaram significativamente”, acrescentou Dujarric, notando que as infraestruturas civis, incluindo instalações médicas e escolas, continuam sendo afetadas pelas rigorosas restrições e relatos de bombardeios, ataques aéreos e combates em curso.

Chefe humanitário quer ação imediata do Conselho de Segurança na Síria

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Stephen O’Brien, pediu na semana passada (27) “ação imediata do Conselho de Segurança” para acabar com o conflito na Síria.
“O secretário-geral disse mais uma vez que não existe um fim militar para este conflito. No entanto, o poder militar continua sendo usado contra os civis de uma forma que desafia toda a razão, deixando a moralidade e a lei de lado”, destacou O’Brien.
Ele afirmou que o uso abominável de armas químicas em Khan Shaykhun, no início de abril, é outro exemplo “horrível” dessa crueldade. “Eu gostaria de acreditar que foi uma brutalidade estúpida. Mas não. Foi deliberada, planejada, pré-determinada por seres humanos contra outros seres humanos. Pura crueldade desenfreada de líderes e comandantes”, acrescentou.
Segundo O’Brien, além das 400 mil pessoas sitiadas em Ghouta, cerca de 30 mil civis nas áreas adjacentes de Barza e Qaboun foram cercados pelo governo sírio.
“Embora o número total de assediados tenha sido reduzido para pouco mais de 620 mil pessoas devido a evacuações, esse processo não está de acordo com os princípios humanitários, e não está sendo conduzido em consulta com as pessoas afetadas.”
Diante da situação, o subsecretário-geral da ONU pede a consolidação de um cessar-fogo nacional e a proteção dos civis e da infraestrutura por todas as partes envolvidas no conflito.
Na sua opinião, é preciso também suspender todas as barreiras burocráticas e arbitrárias para que a ajuda possa chegar a todas as partes da Síria, inclusive nas áreas sitiadas ou de difícil acesso.
De acordo com o representante, no âmbito do plano de ajuda da ONU para abril e maio, foram enviados apenas quatro comboios até agora, alcançando pouco mais de 157 mil pessoas.
Ele explicou que nenhum desses comboios de emergência foi para áreas sitiadas, por falta de autorização necessária dos lados do conflito.

UNICEF pede proteção das crianças e jovens sírios

Concluindo uma visita de três dias à Jordânia no final de abril, o defensor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para as crianças afetadas pela guerra, Ishmael Beah, sublinhou na a importância de respeitar os direitos dos jovens sírios e de capacitá-los para o futuro.
“Os jovens que sobrevivem à guerra têm uma incrível habilidade de preservar e se tornar os defensores da paz, apesar dos horrores que eles sofreram”, afirmou Beah.
Defensor do UNICEF para as crianças afetadas pela guerra, Ishmael Beah, ao lado de uma família deslocada no campo de refugiados Za'atari, na Jordânia. Foto: Sebastian Rich/UNICEF
Defensor do UNICEF para as crianças afetadas pela guerra, Ishmael Beah, ao lado de uma família deslocada no campo de refugiados Za’atari, na Jordânia. Foto: Sebastian Rich/UNICEF
“Eu sei por experiência própria que toda essa dor; esse sofrimento inimaginável; e essa sensação de perda de humanidade podem ser reorientados em direção a algo positivo, especialmente quando há alguém que acredita neles e estende uma mão amiga”, continuou.
Durante sua visita ao país, Beh visitou o campo de refugiados de Za’atari e um centro de assistência psicossocial apoiado pelo UNICEF em Amã, com objetivo de ampliar as vozes das crianças e jovens vulneráveis afetados pelo conflito na Síria.
De acordo com dados da ONU, mais de 2,5 milhões de crianças sírias são agora refugiados, vivendo na Turquia, no Líbano, na Jordânia, no Egito e no Iraque. Além disso, 2,8 milhões ainda vivem em áreas de difícil acesso e aproximadamente 280 mil estão em regiões sitiadas no país.
“Esses jovens têm me ensinado muito em troca. Eles não querem ser lisonjeados, querem que seus direitos sejam respeitados e querem ser habilitados para que eles possam desenvolver seu pleno potencial.”
Em meados de abril, o Comitê sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas afirmou que os Estados Partes do Comitê sobre os Direitos da Criança, incluindo a Síria, têm a obrigação de prevenir violações dos direitos humanos e de tomar todas as medidas possíveis para minimizar o conflito na Síria sobre as crianças e jovens.

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