Poesia - Refrigera-me ò África minha - Etelvina Diogo





REFRIGERA-ME Ó ÁFRICA MINHA
Onde está a minha África primeira?
Nas cinquenta e cinco cimeiras como minhas eiras?
Ou nos braços da hipocrisia?
Seria uma heresia
Ler-te em maresia
Ó africa desértica!
Morta em minha ética
Refrigera-me o ânimo
Tenho a língua sedenta
Como o deserto do Namibe
Nua esperança exaurida
E tu África das intempéries sem impropérios
Ainda lastimas porque continuas escrava?
Bebem-te em fartas ceias no pedestal das glórias
E deixas?
Vejo-te muda no balaio de letras
Definhas sem pinhas nas minhas tetas
Porquê que ainda choro as tuas lágrimas?
Ó África minha!
Saldas os pés nas dívidas em sinfonias fúnebres
Até que um dia te soltem as forças da cobiça
Para que meu cérebro abandone as teias da preguiça
25-05-2018


Etelvina Diogo
escritora angolana
Correspondente internacional da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil


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