DPH - Departamento de patrimônio Histórico

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Você sabia que Mário de Andrade era um defensor da preservação e valorização da arquitetura nacional?
Conhecido por obras literárias como “Macunaíma” e “Amar Verbo Intransitivo”, Mário tinha um projeto de renovação cultural para o país. Sua extensa pesquisa sobre as tradições culturais brasileiras o levaram a se aproximar das questões de preservação e valorização do patrimônio nacional.
Em 1935 Mário foi um dos criadores e primeiro diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo. Na mesma década, redigiu o anteprojeto de criação do SPHAN (Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que se tornaria o IPHAN). Como assistente técnico do SPHAN, Mário elaborou em 1937, com a colaboração de Luiz Saia, Nuto Sant’Ana e do fotógrafo Germano Graeser, um relatório sobre “monumentos arquitetônicos de valor histórico ou artístico” no Estado de São Paulo. Nele, foram listados edifícios considerados dignos de tombamento pelo órgão federal.
Na cidade de São Paulo, Mário apontou 7 imóveis. Para a região da Sé, ele indicou a Igreja Nossa Senhora do Carmo, Igreja Nossa Senhora da Boa Morte e o Convento e Santuário São Francisco; na Liberdade, a Igreja de São Gonçalo e a antiga Igreja Nossa Senhora dos Remédios, demolida em 1947; na região da Luz, o Convento Nossa Senhora da Luz; e, em São Miguel, a Capela de São Miguel.
Na intenção de reconhecer uma cultura genuinamente brasileira, Mário de Andrade destacou apenas edifícios coloniais. Para Mário e o grupo que constituiu inicialmente o IPHAN, modernistas fervorosos, a arquitetura eclética não era uma expressão autenticamente brasileira, pois se baseava nos estilos em voga na Europa, especialmente na França.
Com exceção da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, demolida, todos os bens indicados vieram a ser tombados por alguma das instâncias de preservação do patrimônio. A Capela de São Miguel e o Convento da Luz foram tombados pelo IPHAN pouco depois do relatório de Mário. Os outros imóveis, no entanto, foram protegidos apenas a partir da década de 1970.
Por que alguns bens demoraram a ser reconhecidos? No início de sua atuação, o IPHAN concentrou esforços no tombamento de edifícios dos períodos colonial e barroco, em especial aqueles que apresentavam um expressivo valor artístico e arquitetônico, como os conjuntos urbanos das cidades mineiras, a exemplo de Ouro Preto e São João del Rey. Nos anos 1970, com a constituição do Condephaat, que passou a estudar bens significativos para o Estado de São Paulo, bens da capital começaram a ser tombados em maior quantidade. A partir de 1986, com a criação do Conpresp (o conselho de preservação do patrimônio da cidade de São Paulo), essa dinâmica se acelerou.
Legenda: Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, que fica no Centro de São Paulo
Foto: Aurélio Becherini, 1910/Acervo do Museu da Cidade de São Paulo

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