Sonhos frustrados
Uma vez eu ainda criança brincava no milharal, observando as borboletas amarelas que voava de um lado para o outro. Mas não entendia qual era o papel das borboletas.
De repente alguém chegou na porta e eu corri para receber. Era alguém que não conhecia. Mas perguntou-me por minha avô, por minha mãe. Senti que era da família.
Corri chamei-as e elas atenderam aquela senhora. E minha avó chorosa levou-a para dentro casa, na cozinha ofereceu café, bolo de milho. E neste momento cheguei na porta curioso fiquei observando e perguntei quem era aquela senhora e informaram que era uma tia de nome Rita.
Voltei correndo para o milharal para observar as borboletas
Quando a minha avó disse:
vem cumprimentar a tua tia?
E eu respondi
-de onde ela saiu?
Minha avó sorriu e disse:
ela é minha irmã, mais velha. E mora em Santos. um lugar que tens praia, onde pode se ver o mar.
E completou que ela estava encantada com o interior, com a plantação, com os animais.
E assim cumprimentei a tia Rita. Que me disse:
O que faz?
Respondi:
- Contemplo a vegetação e a beleza das borboletas. E disse não sei como elas conseguem ter cores como amarela no milharal, vermelhas entre as roseiras e as vezes cores desenhadas como se houvesse um pintor pra isto.
A mulher sorriu e entrou para cozinha.
Quando voltei para casa ela já tinha partido. E minha avó dizendo eramos em 14 irmãos e doze veio para o Estado de São Paulo, dois ficou no Estado da Bahia. E cada um partiu para um lado.
O que entendi desta feita, é que os destinos de todos nós somos traçados com a ternura de nossa existência. Não há nada permanente nesta fugaz vida, e aonde vamos, e porque vamos depende muito dos sonhos que temos, dos amores que encontramos. O que é vivo morre, se um corpo morre, mas um caminho imaginário fica traçado em memórias. E não há uma forma que viva quando tudo se dissolve que nos reduz a pó. Não há algo que sobreviva no fogo que reduz o corpo em cinza.
É preciso despontar em nós a filosofia da boa convivência, no desenvolvimento da nossa cultura de respeito, que sempre surge e aprimora no seio de nossos povos. É preciso manter o respeito e a cordialidade como essa cultura. Num espaço de convivência coletiva, situado no nosso trabalho, no nosso bar, na leitura de nossa bíblia, de nossa bebida. Ou seja precisamos nos juntar e fazer de cada passo dado uma canção de amor. Um louvor de diversidade, amparando sempre quem necessita e caminhando sempre na busca da esperança de existir para o bem comum.
Estamos perdido num sistema chamado capitalismo. Que pra mim se resume em criar desigualdades entre os homens. Sendo que uma parte da sociedade dispõe de imensos bens sem trabalhar, vive de luxo e riqueza, e até implementa campanhas milionárias pra ficar com os poderes estabelecidos, tens bens materiais. Cria valores espirituais e serve-se de uma incapacidade esplendida de não conseguir distribuir equitativamente esses bens sejas em serviços ou em dignidade. E falo isto na observando que moro no Brasil, que sempre foi capitalista e espanto-me ao ver pessoas morando nas ruas, fazendo necessidades básicas como urinar e evacuar nas ruas, em namorar e transar debaixo das marquises dos prédios, e ficam as vezes dois ou três dias sem tomar banho, num país quente úmido. E a sociedade acha isto normal, porém pra mim isto é de uma estupidez imensa. Pois a desgraça miséria, a fome, a falta de moradia já não consegue mais sair do discurso político pra prática. E vem uns filho da serpentes gerados no ovo fascismo, com o discurso de um estado forte, ou de um estado neo-liberal, pra preservar o mercado. E um conjunto de baboseira que não resolve essa desgraça imensa implantado por esse sistema.
E fica um grande numero de economista, falando de mercado de investimentos que não qualifica qualquer resolução. Já são mais de quinhentos anos de desgraça do sistema. O capitalismo implantou e São Paulo o mercado das drogas. E fica um idiota fingindo em ser prefeito dizendo que vai acabar com a cracolândia. Mas o maldito vai apenas espalhar em toda a cidade a miséria ambulante que estava num cantinho. O governo do Estado parece que faz acordo com os criminosos organizados em partido. E é deste governo que a burguesia extrai os seus candidatos. Enquanto que as massas de trabalhadores, amargam derrotas nos mais diversos planos governamentais seja na reforma trabalhista. E agora com muito medo da reforma previdenciária.
A minha vontade era continuar como criança, correndo entre o milharal, observando as borboletas, vendo uma tia, que veio do nada, fez chorar minha família e partiu não sei pra onde. A ideia de que onde ela vivia havia o mar. Mas ela encantou-se pelo meu interior. Onde observava a minha natureza, onde morava, e até pensava que era feliz.
E eu que sempre acreditei numa filosofia que é de juntar pessoas em torno de uma esperança, em torno de uma paisagem, de acolher, e ser acolhido, de respeitar e ser respeitado, passo a conviver com um sistema que é um horror e cria a desigualdade. E quem não é capitalista só faz a riqueza de quem é capitalista e morre na miséria, virá pó, sem valores materiais e desaparece incinera-se com a ideia de que o espírito é eterno. Sem carne e sem prazer desfrutado. Para as favas aos infernos com esses discursos capitalistas que intensifica agora com as campanhas politicas. a merdas a essa mídias e esses mercados macabros da ilusão. E criadores de desgraças e misérias.
Manoel Messias Pereira
poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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