Artigo - Os 170 anos do Manifesto Comunista - Manoel Messias Pereira





Os Cento e Setenta anos do Manifesto Comunista


Há pessoas que creem serem independentes ideológicas no mundo atual. E na verdade não as são exatamente porque elas estão formatadas dentro um conjunto imenso de valores e são assim construídas, seja por uma seita, religião, uma convicção política, por uma ideia de realidade que com certeza é construída a partir de um valor ético, moral, social. E todos nós na verdade estamos sim enquadrados. Porém o que mais acentua nos dias atuais são os conceitos políticos e as posições que tomamos. Geralmente aquele que não posiciona faz com certeza a política da minoria, ou fica como massa de manobra, como uma marionete. Pensando ser o que não é. Já há aqueles que afirmam ser de esquerda, mas não percebem que há uma construção filosófica deveras importante para conhecer.

Os conceitos são pontos importantes para que saibamos alicerçar a nossa construção de mundo e entender as nossas convicções. E historicamente tratamos de observar como os seres humanos ao longo do tempo organizavam as suas formas de produzir, de trabalhar. Geralmente em história aprendemos o chamado modos de produção. Em que vemos o trabalho coletivo, deste a pré história como trabalho primitivista. Com a superação desta forma vemos surgir o escravismo, um período em que grupos de senhores passaram a dominar e escravizar outras pessoas pela sujeição seja através dos conflitos ou através de dívidas e isto foi no mundo todo desde a Europa, a Ásia, a África, na Oceania o importante é que cada qual local havia a característica própria do processo histórico. Essa fase é superada e vemos uma fase que chamamos de feudal, que é caracterizada pela relação de suserania e vassalagem, mas também a relação vertical senhor x servos, na qual os servos trabalhavam e seguiam o que determinavam os senhores feudais. Mas este modelo também é superado e obviamente surge o sistema capitalista. 

O capitalismo surge de princípio com a a decadência das sociedades feudais, com o renascimento das cidades, e do comercio, com a instituição do absolutismo em que a classe burguesa passa a relacionar com o rei absoluto, custeando-o, e recebendo em troca os serviços de segurança e toda a burocracia pra expansão de seus negócios. Vai aparecer as duas classes sociais distintas que ora não se aborda desta forma que é o patrão e o empregado. Da mesma forma vai surgir as corporações de oficios, os artesões com seus mestres e discípulos. Mas a classe que passa a explorar a mão de obra de outro ser humano e desenvolve é a classe burguesa, de principio comercialmente e depois disto com o aparecimento das primeiras putting out, até a formação das industrias, do desenvolvimento da revolução cientifica, e paralelamente essa classe burguesa vai desenvolver as revoluções sociais. E dominarem os reis, utilizando para isto o processo iluminista, o racionalismo, e o pensamento liberal. E nisto o capitalismo deixa a classe burguesa no poder politico, no poder econômico, e passa explorar sistematicamente aqueles que só tens a força de trabalho para vender.

E é neste contexto que vai surgir o pensamento socialista, de princípio com os chamados utopistas e mais tarde o socialismo científico, não podemos deixar de lembrar que neste meio tempo também desenvolve o anarquismo. Porém esses conceitos teóricos talvez não tivessem alcançados o status -quos se não fosse precedidos de teóricos sociais como Tomas Mores, homem de Estado e filósofo inglês(1478 a 1535) e essas mesma ideias seguidas por Thomas Campanella (1568 a 1639) e pelos franceses Jean Meslier (1709-1789) e Grauchus Babeuf (1766 1797) e pelos democratas revolucionários russos Alexandre Herlzen (1812 1870) e Nicolau Tchernychevski (1818 a 1889), esses teóricos dão subsídios para que os utopistas como Saint Simon, Charles Forrier ou Robrt Owen possam desenvolver os seus pensamentos teóricos. Cada um destes autores citados fornece um conjunto filosófico que cabe a nova geração estudá-los para melhor compreensão dos utopistas.

Os utopistas de um modo geral insurgiram contra a ideologia dos exploradores, segundo a qual a sociedade deveria ser  continuar sempre dividida em classes sociais entre possuidores e não possuidores, em necessitados e ociosos. Mas os utópicos acreditava que o capitalismo deveria ser substituído por um sociedade nova, que acabaria para sempre com a mais valia, com a corrida ao lucro e faria do trabalho a virtude essencial. para eles deveria acabar a opressão do ser humano referente ao seu semelhantes e juntos dominarem a natureza e assim chegarem a justiça social, a liberdade a igualdade. A questão é que os utopistas não foram capazes de descobrir a verdadeira via do futuro e o seu socialismo continuou da fase do sonho e ada utopia. Um dia cabe fazer um artigo destacando o pensamento individual de cada um desses.

Porém cabe aqui entender o socialismo científico alicerçado nos princípio Karl Marx e Friedrich  Engels, que não limitaram à obra de seus precursores teóricos. Reelaboraram de maneira crítica a herança ideológica do passado e criaram um nova doutrina, que foi a expressão do trabalhador, a classe mais revolucionária e avançada. A parte integrante do marxismo é a filosofia, ciência das leis mais gerais do desenvolvimento da natureza e do conhecimento e da sociedade do conhecimento. e de toda as relações sociais e econômicas ou relação de produção, ocupam o primeiro lugar . E é necessário estudar para encontrar a resposta de como chegar ao socialismo ou ao comunismo.

Ao partir da filosofia e da economia politica esta teoria revela as leis que regem o aparecimento da sociedade comunista. No livro de G. Chakhnazárov e Lu Krássine "Fundamentos do Marxismo-Leninismo" encontramos a frase toda a teoria é cinzenta e verde é a arvore frondosa da vida. E o marxismo não é um dogma morto mas um guia para ação dizia Lênin, o princípio da teoria marxista enriquecem-se continuamente com a experiência do desenvolvimento social e as novas conquistas científicas. Na obra de V.Afanassiev, M Makarova e L. Minaiev "princípios do socialismo Científico  consta que Friedrich Engels reconhecia que a doutrina que ele juntamente com Karl Marx criaram se apoiaram  muito nos utopistas Fourier, Owen e Saint-Simon que apesar de todas as fantasias e utopias de suas doutrinas são considerados grandes cérebros importantes se partimos num rigor científico. Mas os limites dos utópicos levaram a criar base ao idealismo. E é com impulso do capitalismo na Europa, na America do Norte, quando vai surgindo a classe operária industrial essa classe desenvolvia o seu teor revolucionário. Em 1848 temos o Manifesto do Partido Comunista, e em nome da história seus autores pronunciava a condenação do capitalismo e que precisava ser substituído, por uma outra sociedade sem exploração, sem salariato, o fim do socialismo utópico e o princípio do socialismo cientifico. E tudo feito com bases científicas.

E a obra suprema de Karl Marx foi a criação do materialismo histórico, uma concepção puramente  materialista do ponto de vista da necessidade do ser humano e que veio substituir o idealismo, segundo a qual a história seria movida pelas ideias e opiniões. E essa obra parte de uma evidência antes de se ocuparem da política, de filosofia e arte, os seres humanos precisam de um mínimo de bens materiais, como alimentação, vestuário, habitação. E para produzir esses bens o ser humano precisa trabalhar. E assim o trabalho é a base do desenvolvimento social, e desta forma entendemos que a história não é um conjunto de coisas prontas ou do acaso pelo contrário é o processo regulado por leis, sendo o seu motor representado pela progressão da produção material.

A classe trabalhadora tens assim uma missão histórica, pois é a classe mais revolucionária do sistema capitalista é a força social que vai encarregar de executar a revolução socialista e no aniquilamento do capitalismo e na criação de um Estado socialista cuja a grande missão foi enunciado por Marx e Engels, exatamente a 170 anos do manifesto. E assim vemos que a classe operária também não está sozinha mas junta-se a outras forças também oprimidas neste processo capitalista. No Brasil  como o movimento indígena, sem terra, os negros as mulheres o LGBTT, os sem tetos, são todos os lutadores por uma democracia e a luta por um poder popular.

Tendo esse conjunto de informações e concepções filosóficas aplicadas a todos os momentos históricos somos todos seres ideológicos e por isto somos todos formatados ideologicamente dentro de um ou outro princípio filosófico em termos políticos. e de certa forma somos todos enquadrados conforme a nossa formação. E viva os 170 anos do Manifesto Comunista.


Manoel Messias Pereira

poeta, cronista, professor de história
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil




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