Artigo - África revolucionária e o Poder Popular - Manoel Messias Pereira



África revolucionária e o Poder Popular

No dia 20 de maio de 2018, na sede do Centro de formação Lúcia Galli, sito á Rua Alameda Franca n.67 na cidade de são José do Rio Preto-SP, formalizava-se a direção do Coletivo Minervino de Oliveira, de São José do Rio preto-SP, de cujo socialista, anti-racista e anti-capitalista e imperialista e para coroar o evento foi exibido o filme "Fronteiras de Sangue" e que contou com os comentários do sociólogo Sr. Marcio Jacovani, que esteve no território  Africano, quando da realização deste documentário. 

É um filme que foca a história da luta da Africa Austral a partir do desenvolvimento da Frelimo-Frente de Libertação de Moçambique e a figura de Samora Machel, que atuou numa linha ativista capaz de reunir as nações africanas na década de 80 e fio condutor desta busca foi a luta para o fim do Apartheid na África do Sul. e para isto as nações africanas, como Moçambique, a Tanzânia, Angola entre outras nações tiveram que enfrentar os imperialista europeus e que contava com apoio e participação dos Estados Unidos da América.

O que vimos na sala foi a dificuldade  para os mais jovens que estavam presentes entender todo o enredo que desenrolou no Continente Africano, em relação ao processo imperialista e o que foi bem retratado na obra cinematográfica. Mas creio que essas dificuldades estão relacionadas em primeiro lugar com a orientação oriunda das mídias oficiais, que tens dificuldade em tratar deste tema. E outro fator está relacionada com o processo cultural e educacional na qual os nossos jovens brasileiros estão inseridos. E nisto o meu olhar visualiza as escolas brasileiras públicas e privadas, que tens um ensino muito adequado ao mercado de trabalho. E nas disciplinas curriculares como história, filosofia, sociologia, uma forma de assistir ao aprendiz, com um desdenho, quando há um alicerce marxista nos desenvolvimentos históricos. E nisto entendemos que Frelimo assim como MPLA, são organizações políticas com uma orientação marxista-leninista. E neste contexto não podemos esquecer que no Brasil há Lei 10639/03, assinada no período de Luis Inácio Lula da Silva em que a história dos afros-brasileiros assim como a história da África precisa ser trabalhada em todos os níveis educacional brasileiro.



E nisto vale recordar a Conferência de Cúpula dos países Africanos independentes, reuniu-se em Addis -Abeba na Etiópia entre os dia 22 a 25 de maio de 1963, para de fato pensar no processo de descolonização e que foi com certeza bastante traumático. Pois antes disto vamos perceber na África Austral, dois grupos o "Casabranca", tido como progressista e o Moróvia considerado moderado e nisto estavam assim definidos diante de um fracionamento da região.

E nesta época a capital da Etiópia estava sendo governada por Hailé Salassie, que fora destronado em 1974 por um putch dirigidos por grupos de esquerda (marxistas) que aprovaram o processo de descolonização.

E nesta Conferência foi reafirmado que é um dever de todos os Estados independentes da África apoiar a luta por liberdade e a independência  de seus povos. E nesta conferencia que surge então a Organização dos Estados Africanos - OUA, que agora tornou-se a UA_Unidade Africana.

 E este papel foi feito de reafirmação  é mostrado no filme por parte de Samora Machel e a Frelimo, buscando inclusive esse fio condutor de Unidade africana, e isto mostrado no filme quando reúnem-se líderes da Rodésia do Sul, da Tanzânia. de Angola e para tal elegendo como principio a luta contra o Apartheid. Com muita diplomacia pois os africanos puderam sentir e perceber a imposição das potências imperialistas que constituiu uma violação flagrante dos direitos inalienáveis dos legítimos habitantes do território africano. E há um convite a essas nações como o Reino Unido e outros países de absterem-se de transferir soberania aos governos de minoria estrangeira imposta as populações africanas. Pois essas transferências também constitui uma violação das disposições da Resolução 1514. E é neste contexto que devemos entender o apoio para destas naçõe africanas de intervir junto as grandes potências e até mesmo de reclamar do comercio enre Portugal e África do Sul.

E assim vários governos juntos passaram a lutar pelo processo contra o apartheid e a discriminação Racial, numa luta para a libertação de Nelson Mandela. E é neste contexto que africanos passaram a ver a Organização das Nações Unidas - ONU, como importante instrumento para a manutenção da Paz e a segurança entre as nações para o progresso econômico e social de todos os povos africanos.

E neste contexto tratou-se do desarmamento, da criação de uma rede de cooperação para resolver os problemas econômicos. E assim nasceu o Comitê Econômico com outras obrigações como por exemplo as possibilidades da criação da zona livre de comercio entre os povos africanos, com tarifas e reestruturações, com coordenação dos transportes. E neste clima que criaram a Carta da OUA, que estabeleceu a Organização da Unidade Africana, os objetivos, os princípios e a formação dos membros. E até 1978 a OUA realizou constantes reuniões de chefes de Estado e de Governos. O dia 25 de maio de 1963 constituiu um marco para a vida dos africanos. E foi tirado assim a data do Dia da África, como sendo neste dia.

Com essas informações talvez pudesse ficar esclarecidos muitos episódios em que os jovens não conseguiram assimilar. E em relação essa busca de informação lembro que há um livro de Samora Machel chamado "Estabelecer o Poder Popular para servir as massas. Em que encontramos o seguinte trecho "Nós lutamos contra a exploração do Homem pelo Homem, de que o Colonialismo português é hoje a principal expressão no nosso país. Por outras palavras o nosso objetivo é derrubar o Poder das  classes exploradoras em Moçambique representadas principalmente  pelas burguesias coloniais de dominação colonialista e imperialista na Pátria." "O nosso poder representa os interesses do nosso povo trabalhador, exprime a nossa vontade de expulsar o colonialismo e o imperialismo e criar um sociedade nova sem exploração. O nosso Poder é a expressão revolucionária da aliança que, defendemos os interesses da nossa classe camponesa e operária, une todas as camadas e grupos sociais, animados de espírito patriótico e democrático. E num outro livro foca as revoluções Africanas de Angola Moçambique e Etiópia em que se ressalta o papel do marxismo no contexto destas lutas, e o importante é que são lutas com características comum e parte de uma conjuntura única, em que há países da Europa e Estados Unidos com línguas de fogo imperialista e usando para tanto tudo, desde material bélico, religião, ciência, num contexto de dominar e por outro lado países como Moçambique, Etiópia e Angola numa resistência e numa luta para cumprir todos os preceitos acertados na Carta da OUA. E com isto todos podem ter um compreensão melhor do filme "Fronteiras de Sangue".


Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta, cronista
membro do Coletivo Minervino de Oliveira de São José do Rio Preto-SP.
membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
membro da Central de Mobilização Popular

São José do Rio Preto-SP. Brasil













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