Artigo - Estaline - Ludo Martens e Renato Guimarães


Estaline
"Amado por uns, odiado por outros, Stalin é foco de discórdia entre Investigadores, Historiadores, e entre a própria opinião pública, inclusivamente acomunista. Ióssif Vissariónovitch Djugachvili, mais conhecido por Ióssif Stalin, nasceu em Gori, na Georgia, no ano de 1879. De raízes modestas, filho de um sapateiro e de uma costureira, veio a tornar-se o mais proeminente Líder do Pós-Guerra. Por conspiração e agitação contra o Czarismo, Stalin é preso ainda muito jovem, passa vários anos na prisão, e aquando da sua libertação, alia-se a Vladimir Lenin e outros Camaradas, que planeavam a Revolução Russa.

 A manobra propagandística (reaccionária) dos novos Iluminados, faz uso corrente do enxovalho público e histórico de um dos maiores praticantes do marxismo na Guerra e na Paz. Após o atentado a Lenin, que viria a culminar com a sua morte, Stalin ascende naturalmente a Secretário Geral do Partido Comunista em 1922 (considerado por Lenin uma das melhores escolhas para o cargo de comando da Revolução em curso), e torna-se, por conseguinte, o chefe de Estado da URSS durante cerca de um quarto de século, transformando o país numa superpotência. O seu talento quase inigualável para as Alianças Políticas, rendeu-lhe tantos aliados quanto inimigos. Seus epítetos eram "Guia Genial dos Povos" e "O Pai dos Povos". Embora a tese reaccionária neo-burguesa insista nas Perseguições e nas «Purgas» (?) a «Bolcheviques da 1ª Hora», o certo é que qualquer Estadista tem o direito de se defender contra golpes contra-revolucionários. De facto, sobre o comando de Stalin, a URSS, em apenas 20 anos, reduziu o seu índice de analfabetismo, que era durante período czarista de 90%, para uma percentagem irrisória, foram praticamente abolidos os bairros de lata, e detinha 1/3 dos médicos de todo o mundo, e alcançou sempre os primeiros lugares nas Olimpíadas de Inverno e Verão. Moshe Lewin afirma que a maior ascensão feminina da História da Humanidade ocorreu sob o Regime Stalinista, assim como também a queda do Exército Nazi, e a sua consequente derrota. «Estava disseminado na população um espírito de solidariedade comunitária que jamais encontrei em outro país, embora tenha viajado bastante. O emprego com salário era assegurado a todos, os direitos sociais básicos – educação, saúde, habitação, transporte público eram gratuitos para todos e eram atendidos com eficiência e dedicação pelos profissionais que deles se ocupavam. 

Os alimentos de largo consumo -pão, leite, vegetais, carne - eram subsidiados pelo Estado e vendidos a preço baixo no comércio, num sistema compensado por preços altos nos artigos de luxo e supérfluos. Também a vida cultural – teatro, cinema, música, ballet, literatura, museus - era largamente subsidiada, para tornar-se hábito disseminado na população. O padrão de vida material era na média modesto, porém sem fortes contrastes e no mínimo decente para todos. Na verdade, muitos na esquerda numa nítida obsessão de diabolizar a imagem de Stalin, negam-lhe qualquer mérito, acabando por fazer coro com ideias burguesas, neo-liberais, e em ultima analise, com ideias neo-nazis.

 A situação dramática da União Soviética, logo após a 1ª Grande Guerra, cercada por potências Imperialistas hostis e inimigas, empenhadas em reduzi-la novamente a um quinhão feudal de índole czarista, exigia iniciativas rápidas e audaciosas. O aparelho material de produção da URSS, que em 1930 era ainda inferior ao de qualquer nação europeia de médio porte, expandiu-se tanto e tão rapidamente que a Rússia se tornou em 1949, o primeiro poder Industrial na Europa e o segundo no Mundo. Durante pouco mais de uma década, a sua população urbana cresceu cerca mais de trinta milhões. O número de Escolas foi impressionantemente multiplicado. Uma Nação inteira foi brindada com instrução escolar, daí a solene tradição de que os Imigrantes de Leste a trabalhar na Europa Ocidental, sejam extremamente qualificados e instruídos…

Relembro aqui uma famosa frase de uma conhecida Ex-Primeira Dama Francesa Danielle Mitterand «Um Ditador não ensina o seu Povo a ler» Quanto ao Plano Económico, o Estado Soviético pôs em pratica, anos antes, aquilo que a UE haveria de defender e encetar (depois de tantas e acérrimas criticas): a Economia Planificada, adaptando-a ao modelo Capitalista Ocidental. O alcance e os limites Históricos dos Planos Quinquenais lançados por Stalin, tão sobejamente conhecidos, viabilizaram extraordinários êxitos Económicos, que em poucas décadas fizeram da URSS a segunda potência mundial, após terem assegurado a produção bélica necessária para derrotar e aniquilar o Nazismo. Caracterizemo-los ou não como Socialistas, sem o homérico esforço da Industrialização acelerada dos anos 30, a República dos Soviéticos não teria sobrevivido à ambição dos que queriam apagá-la do Atlas. Porque nem só o valoroso heroísmo do Povo Soviético permitiria tal ascensão.

 No campo Internacional na conjuntura então vivida nos anos 30, Stalin apoia incondicionalmente o Movimento Republicano espanhol, colocando-se, desse modo, na vanguarda do Internacionalismo Proletário.«O ano de 1936 marcou o início do que viria a ser o primeiro acto da II Guerra Mundial. Na Espanha, onde a Frente Popular vencera as eleições, uma sedição militar-fascista comandada pelo grande carniceiro Francisco Franco recebeu forte apoio bélico de Hitler e de Mussolini, por mar, terra e ar, além da simpatia de Salazar. A França e a Inglaterra recusaram-se reiteradamente, em nome da “neutralidade”, a vender armas para o governo legítimo da República espanhola. Do governo conservador inglês de Baldwin não se poderia esperar qualquer simpatia pelo povo espanhol em armas. Mas de um governo de Frente Popular, como também era o francês, chefiado pelo socialista Léon Blum, só a mais hipócrita covardia explica que tenha abandonado à sanha do nazi-fascismo os que defendiam na Espanha o mesmo programa. O ódio cínico da direita francesa, que proclamava descaradamente preferir Hitler à Frente Popular, não justifica de modo algum a atitude infame de Léon Blum, mas explica a vergonhosa capitulação da França em 1940. 

O governo de Stalin foi o único que assumiu o risco de lutar ao lado da República espanhola. Entretanto, ao tratar deste período, em vez de evocar a participação dos soviéticos na luta do povo espanhol contra o fascismo…» (Renato Guimarães - «Um Outro Olhar sobre Estaline»). Sob a falsa égide de que os EUA teriam libertado aquando do desembarque na Normandia, a Europa do jugo Nazi, a verdade é que os Nazis já tinham sido destroçados em Stalingrado (1942-1943) e em Kursk (1943) pelo Exército Vermelho. Paris fora tomada pela população. O Dia D não passa de uma realização fictícia destinada à desinformação reaccionária e à produção de êxitos cinematográficos hollywoodescos. «A regeneração do Exército, de sua moral e de seu escalão de comando foi uma das mais notáveis realizações da Rússia, para a qual algum crédito era devido a Stalin» «Um Outro Olhar sobre Estaline»). «Para bom leitor, meio epílogo basta. Deixemos os liberalóides de todos os géneros fremir de horror à simples menção de seu nome: a burguesia internacional detesta Stalin sobretudo pela extremamente incómoda lembrança da bandeira vermelha tremulando no Reichstag de Berlim em 1945. Os marxistas, especialmente os comunistas, têm o dever intelectual e político de não deixar o debate sobre Stalin ser monopolizado pelos reacionários.» "
Fontes Ludo Martens e Renato Guimarães





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