Glória Maria é nomeada embaixadora do UNAIDS Brasil em evento sobre juventude, direitos e HIV
A jornalista Glória Maria é a mais nova embaixadora da Boa Vontade do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) no Brasil. A nomeação da repórter aconteceu na última terça-feira (30) durante primeira série de conversas #EseFosseComVocê?, uma iniciativa da agência da ONU para promover debates sobre HIV, juventude e direitos. Organizado em parceria com a missão diplomática do Reino Unido, evento reuniu youtubers e ativistas no Centro Brasileiro Britânico de São Paulo.
A jornalista Glória Maria é a mais nova embaixadora da Boa Vontade do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) no Brasil. A nomeação da repórter aconteceu na última terça-feira (30) durante primeira série de conversas #EseFosseComVocê?, uma iniciativa da agência da ONU para promover debates sobre HIV, juventude e direitos. Organizado em parceria com a missão diplomática do Reino Unido, evento reuniu youtubers e ativistas no Centro Brasileiro Britânico de São Paulo.
Glória moderou as discussões, que foram divididas em três blocos e transmitidas ao vivo pelo Facebook. O primeiro deles abordou o protagonismo dos jovens nas redes sociais, sobretudo na produção de vídeos no YouTube. Foram convidados youtubers e blogueiros gays que falam sobre HIV sem tabu.
Entre os participantes, estavam Gabriel Estrela, do Projeto Boa Sorte, Daniel Fernandes, do Prosa Positiva, e Gabriel Comicholi, do Hdiário. Os três vivem com o vírus da AIDS e falam abertamente sobre o tema. Outro convidado foi Murilo Araújo, do canal Muro Pequeno, página em que discute sua vivência como jovem gay, negro e cristão em tempos de intolerância.
“Meninos, o youtube é um lugar bem descontraído onde a moçada se diverte, mas também se informa muito. E vocês estão usando esse formato e essa linguagem leve para falar de assuntos muito importantes e, muitas vezes, bem complexos”, disse Glória. “Parabéns pela coragem de falarem abertamente sobre esses temas.”
O segundo bloco de debates contou com representantes de diferentes nichos da comunidade gay. Gays e outros homens que fazem sexo com homens são um dos grupos-chave mais afetados pelo avanço do HIV na última década. Estigmatizada no início da epidemia, essa população se reinventa, se reforça, quebra barreiras e constrói pontes para enfrentar o vírus e lidar com a sexualidade de forma mais aberta, madura e pragmática.
Quando se trata de uma epidemia,
precisamos continuar renovando
as mensagens, adaptando a
cada grupo e a cada geração.
Participaram das conversas Bruno Motta, criador do bloco de carnaval Boca de Veludo; Fernando Scarpi, responsável pelo festival gay de música eletrônica Hell & Heaven; André Fischer, diretor do aplicativo de relacionamentos Hornet no Brasil; Fuh Miguel, responsável pela família D’Mattah; um dos coletivos da iniciativa Consulado das Famílias; e Matheus Emílio, jovem liderança vivendo com HIV e criador da página Menino Gay, no Facebook.
Os jovens youtubers e educadores sexuais Tuy Potasso e Biel Vaz, do canal Sensualise Moi, foram os mestres de cerimônia do evento. Ao longo da noite, eles conduziram as passagens entre os blocos de conversas compartilhando suas experiências na internet e divulgando também informações relevantes sobre estigma e sobre o crescimento da epidemia de HIV entre jovens.
“Eu e Biel somos casados e ao mesmo tempo pessoas bissexuais e vivemos um poliamor. E é assim que nos identificamos e é assim que gostamos de viver nossa sexualidade. E isso não deveria ficar estampado em nossas testas como algo ruim”, disse Tuy durante o evento. “Somos felizes assim. Pare e reflita: e se fosse com você?”, defendeu Tuy.
Uma das estatísticas apresentadas foi a de crescimento das taxas de detecção de casos de AIDS entre jovens do sexo masculino na última década. Segundo dados do Ministério da Saúde, eles quase triplicaram entre jovens de 15 e 19 anos e mais do que dobraram entre os de 20 a 24 anos. “Quanto mais a gente falar sobre HIV e sobre AIDS, quanto mais a gente se informar, melhor vai ser a vivência da nossa sexualidade”, ressaltou Biel.
A diretora do UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, explicou que “cada geração e cada grupo populacional tem suas próprias referências”. “Quando se trata de uma epidemia, precisamos continuar renovando as mensagens, adaptando a cada grupo e a cada geração”, disse.
A representante da agência da ONU acrescentou que, com as conversas, o objetivo era quebrar protocolos e paradigmas.
“Trouxemos aqui profissionais de saúde, agências da ONU, gestores públicos, representantes de governo, mas nenhum desses setores esteve representado no palco. Nenhuma das pessoas no palco é especialista em HIV. Reservamos espaço para outro lado. Onde o indivíduo está inserido, para entendermos mais sobre a responsabilidade da sociedade como um todo.”, afirmou.
O terceiro e último bloco abordou direitos e marcos legais para as populações com maior risco de exposição ao HIV. Preconceito e discriminação também entraram na pauta dos diálogos, que reuniram o ministro conselheiro da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Wasim Mir, o professor Conrado Hubner Mendes, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), a professora doutora Jaqueline Gomes de Jesus, do Instituto Federal do Rio de Janeiro, e Nathan Fernandes, editora da Revista Galileu.
Nomeação da nova embaixadora da Boa Vontade
Ao final das conversas, Glória Maria foi oficialmente nomeada embaixadora nacional da Boa Vontade do UNAIDS. O título foi conferido por Georgiana e pela cantora — e também embaixadora da Boa Vontade do UNAIDS — Wanessa Camargo.
“Estamos muito felizes por você ter aceitado esse desafio de estar aqui ao vivo e de fazer parte do nosso time. Com todo mundo que a gente fala e conversa, você é uma unanimidade, por ser um exemplo vivo de Zero Discriminação”, afirmou a chefe da agência da ONU no Brasil.
“É o mínimo que a gente pode fazer. Se cada um de nós fizer um pouquinho, podemos tentar melhorar essa situação. Eu sou um exemplo de que a gente precisa lutar contra a discriminação, mas a gente precisa lutar com atos”, disse Glória durante a nomeação. “E como eu nasci, cresci e aprendi a viver com luta, eu aceito esse desafio. Tudo o que eu puder fazer para diminuir a discriminação, eu vou estar aqui com a alma aberta.”
Os embaixadores da Boa Vontade são personalidades do mundo das artes, música, filmes, esportes, jornalismo e literatura que dedicam parte de seu tempo e sua imagem a causas humanitárias.
Glória Maria foi apontada por uma pesquisa da Revista Imprensa como a jornalista mais querida da TV brasileira. A repórter já comandou o RJTV, o Bom Dia Rio e o Jornal Nacional. Em quatro décadas a serviço do telejornalismo, fez matérias sobre temas variados, desde histórias da vida cotidiana a reportagens sobre grandes eventos como Copas do Mundo, Olimpíadas e conflitos armados.
Primeira mulher negra a apresentar um telejornal no Brasil e primeira mulher a cobrir uma guerra na televisão brasileira — a guerra das Malvinas —, Glória Maria também entrevistou algumas das personalidades mais influentes do planeta, como o ex-presidente americano Jimmy Carter, o ex-primeiro ministro de Israel Yitzhak Rabin, o roqueiro Mick Jagger, o ator Harrison Ford, os cantores Michael Jackson e Freddie Mercury, a atriz Nicole Kidman e o ator Leonardo DiCaprio.
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