Houve abolição da Escravidão mas não do preconceito

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Abolição da escravatura, não do preconceito
Coleção CEMAP (Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa)
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Em 1988, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (SP) fez campanha pelos cem anos da assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, pela qual os escravos brasileiros seriam libertados. O cartaz em homenagem a data chamou a atenção para a permanência das questões raciais com a frase: “A história oficial não aboliu seus preconceitos”. No plano gráfico, a imagem do rosto do intelectual negro Milton Santos (1926-2001), sobre um fundo azul, foi separada em duas partes, em alusão aos continentes africano e brasileiro, com um oceano entre os dois. 
No dia 7 de maio de 2000, Milton Santos escreveu uma reflexão para o Jornal Folha de S.Paulo, publicada no Caderno Mais, na qual declarou: "Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas). Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito". 
Cartaz  é parte do acervo iconográfico da coleção CEMAP, custodiada no CEDEM.
Atualizada em 25/

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