Em Mianmar, povo Rohingya é vítima de assassinatos cometidos pelas próprias forças de segurança
Estupros coletivos, homicídios de jovens e até mesmo de bebês, fuzilamentos, esfaqueamentos, incêndios em residências onde os moradores são propositalmente mantidas presos, sem chance de conseguirem escapar. Esses são alguns dos crimes que vitimam milhares de membros do povo Rohingya, em Mianmar.
Alguns deles são perpetrados pelas próprias forças de segurança do país. Atrocidades foram denunciadas nesta semana pela relatoria especial das Nações Unidas para a nação asiática.
Estupros coletivos, homicídios de jovens e até mesmo de bebês, fuzilamentos, esfaqueamentos, incêndios em residências onde os moradores são propositalmente mantidas presos, sem chance de conseguirem escapar. Esses são alguns dos crimes que vitimam milhares de membros do povo Rohingya, em Mianmar.
As atrocidades, algumas delas cometidas pelas próprias forças de segurança, foram denunciadas mais uma vez nesta semana (27) pela relatoria especial de direitos humanos da ONU para o país.
“A magnitude da violência que essas famílias testemunharam e viveram é muito mais extensa do que eu havia originalmente especulado”, disse a especialista independente da ONU, Yanghee Lee, após visita a Bangladesh, país vizinho a Mianmar que recebe Rohingyas. Em comunidades de expatriados, Lee conheceu as histórias de vítimas da violência.
Um dos entrevistados pela especialista foi um homem que deixou a família para trás, inclusive a esposa grávida de sete meses, por acreditar que as mulheres seriam poupadas durante uma ronda de segurança feita no vilarejo onde moravam. Sua companheira estava na casa da irmã, também grávida e em trabalho de parto no momento da chegada dos oficiais ao local.
Ao final da operação militar, sete membros da família haviam sido mortos, incluindo a esposa do entrevistado, a irmã dela e uma menina de quatro anos. O recém-nascido sobreviveu.
Outra entrevistada por Lee foi uma mulher que perdeu a visão nos dois olhos por conta de um incêndio em sua casa planejado por equipes de segurança. “Não houve um único testemunho que ouvi que não fosse horrendo”, afirmou a especialista.
Em pronunciamento, a relatora lembrou dos ataques de 9 de outubro de 2016 — quando nove policias foram mortos por integrantes da minoria Rohingya — e das operações de segurança que se seguiram ao episódio. Segundo a especialista, tanto o atentado, quanto a resposta violenta do governo violaram direitos humanos.
“É uma trágica ironia que, após implementar políticas, regras e leis que discriminam e perseguem essa população (os Rohingya), dando o pretexto para alguns indivíduos extremistas atacarem as forças de segurança, mais ações cruéis sejam tomadas contra essa população de forma generalizada, em nome da segurança nacional e da proteção da soberania do Estado”, alertou.
Nos relatos que ouviu da população agora expatriada, Lee foi informada de que, em Mianmar, os Rohingya temem represálias das forças de segurança por tentarem se comunicar com jornalistas, missões diplomáticas e até mesmo funcionários das Nações Unidas.
“Eu peço ao governo de Mianmar que cesse imediatamente a discriminação que a comunidade continua a enfrentar e que aja agora para prevenir quaisquer novas violações dos direitos e para conduzir investigações independentes, rápidas, abrangentes e imparciais das violações que já teriam ocorrido”, apelou Lee.
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