Brasil e Moçambique discutem sobre alimentação escolar na agricultura familiar

Brasil, Moçambique e ONU debatem iniciativas de alimentação escolar associadas à agricultura familiar

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Representantes do Brasil e da ONU reuniram-se em Moçambique com o governo local para o primeiro seminário nacional sobre o Programa de Aquisição de Alimentos para a África (PAA África) — iniciativa que conecta a produção da agricultura familiar às demandas de escolas que oferecem refeições para seus alunos. Encontro ocorreu nos dias 20 e 21 de março e debateu como os aprendizados do projeto podem orientar o futuro da alimentação escolar no país africano.
Agricultores do Moçambique viram novos mercados se abrirem com a participação do país no PAA África. Foto: PMA/Arssalan Serra
Agricultores do Moçambique viram novos mercados se abrirem com a participação do país no PAA África. Foto: PMA/Arssalan Serra
Representantes do Brasil e da ONU reuniram-se em Moçambique com o governo local para o primeiro seminário sobre o Programa de Aquisição de Alimentos para a África (PAA África) — iniciativa que conecta a produção da agricultura familiar às demandas de escolas que oferecem refeições para seus alunos. Encontro ocorreu nos dias 20 e 21 de março e debateu como os aprendizados do projeto podem orientar o futuro da alimentação escolar no país africano.
“O PAA voltado para a alimentação escolar constitui uma tecnologia social de aceleração do crescimento, que conforma um círculo virtuoso: combina a melhora nutricional dos alunos à maior capacidade cognitiva e à inclusão da agricultura familiar”, afirmou durante o evento o chefe de cooperação da Embaixada do Brasil em Moçambique, Bruno Neves.
Regino Jalone é presidente da associação de agricultores Kuchinga, no distrito de Cahora Bassa. A associação começou com apenas 12 membros, mas com o apoio do PAA África duplicou de tamanho.
“No início, começamos a trabalhar com um grupo de 12 camponeses, mas trabalhávamos com preguiça porque não tínhamos onde vender o produto. Com o PAA África começaram a surgir novos mercados e começamos a ter a ideia de aumentar as áreas de produção porque já tínhamos as escolas para comprar nossos produtos”, explicou Jalone.
Helena Dzico, outra produtora que participou do seminário, também falou sobre sua experiência. “Não sabíamos como usar os produtos depois de cultivar, mas agora já temos as escolas onde distribuir. Aprendemos também a fazer planos de negócio porque antes não controlávamos as vendas. Agora, tenho renda suficiente, o que me ajuda a pagar a escola do meu filho que já terminou a 12ª Classe”, contou.
Representantes dos ministérios moçambicanos de Educação e de Segurança Alimentar, assim como oficiais do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização das nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), também participaram do evento.
“Congratulo-me com esta iniciativa inspirada e apoiada pelo Brasil, que foi concebida para apoiar os esforços para reverter uma das preocupações mais graves do nosso século: a fome no mundo”, afirmou Ute Meir, diretora adjunta do PMA em Moçambique.

Entenda a trajetória do PAA África

O PAA África é uma iniciativa conjunta do governo brasileiro, do PMA e da FAO lançada em 2012, com apoio do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID). Após cinco anos de trabalho em cinco países — Etiópia, Malauí, Moçambique, Níger e Senegal —, a segunda fase do programa se encerra em junho deste ano.
A primeira etapa (2012-2013) apoiou agricultores e cooperativas a suprir adequadamente as escolas com alimentos produzidos localmente. A segunda fase (2014-2017) fortaleceu as operações de campo, promoveu atividades de aprendizagem, assistência técnica e troca de conhecimentos, desenvolveu um sistema de monitoramento e realizou a avaliação da iniciativa no Malaui e no Senegal.
Até a metade deste ano, consultas nacionais com representantes dos governos, parceiros e atores estão sendo realizadas em cada um dos países participantes.
Os encontros e avaliações têm sido uma oportunidade de avaliar como o PAA África pode ser incorporado a estratégias já implementadas nas nações para combater a fome e fortalecer a agricultura familiar. São também uma chance de aprofundar a discussão sobre o envolvimento e a contribuição de cada parceiro ao programa, sejam eles organismos internacionais ou Estados-membros.

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