‘Não há tempo a perder’ em meio a avanço de catástrofe humanitária na Somália, alerta ONU

 

Alerta é do UNICEF e do Programa Mundial de Alimentos. A situação das crianças é particularmente preocupante: estima-se que 1 milhão delas estejam desnutridas só esse ano, incluindo 185 mil desnutridas e com necessidade de apoio imediato. Há também temores graves de que este número poderia aumentar para 270 mil nos próximos meses. António Guterres pediu luta contra a fome no topo da agenda do novo governo.
Pecuarista no norte da Somália, região atingida duramente pela seca. Ele perdeu quase metade de seu rebanho de ovelhas, de um total de 70 animais. Foto: UNICEF / Sebastian Rich
Pecuarista no norte da Somália, região atingida duramente pela seca. Ele perdeu quase metade de seu rebanho de ovelhas, de um total de 70 animais. Foto: UNICEF / Sebastian Rich
Em meio ao agravamento de uma já devastadora seca na Somália, duas agências das Nações Unidas ressaltaram que somente uma ampliação massiva e imediata da ajuda humanitária pode ajudar o país a evitar cair em outra catástrofe.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), cerca de 6,2 milhões de pessoas – quase metade da população do país – sofrem de uma grave insegurança alimentar ou necessitam de subsistência.
“Um número enorme de somalis chegou ao fim de todos os seus recursos possíveis e vive no seu limite”, disse Steven Lauwerier, representante da UNICEF na Somália, destacando que há apenas uma pequena janela de oportunidade para deter a crise humanitária que se aproxima – e salvar vidas.
A situação das crianças é particularmente preocupante: estima-se que 1 milhão delas estejam desnutridas só esse ano, incluindo 185 mil desnutridas e com necessidade de apoio imediato. Há também temores graves de que este número poderia aumentar para 270 mil nos próximos meses.
A seca em curso e outros choques deixaram as comunidades – que já foram atingidas por décadas de conflito – com poucos ou nenhum recurso para se recuperar, disseram as duas agências da ONU por meio de um comunicado conjunto.
Aldeias inteiras perderam suas colheitas ou viram morrer seus animais. Os preços da água e dos alimentos produzidos localmente aumentaram drasticamente, e milhares de pessoas estão em movimento, em busca de comida e água.

Combate à fome deve estar no ‘topo da agenda’ para novo governo, diz chefe da ONU

No início do mês (9), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, felicitou Mohamed Abdullahi ‘Farmajo’ por sua eleição como novo presidente da Somália. Guterres se comprometeu a trabalhar com ele e o seu novo governo para abordar prioridades nacionais urgentes, incluindo a fome.
Em comunicado emitido por seu porta-voz, Guterres também elogiou a Missão da União Africana, conhecida como AMISOM, e as forças de segurança somalis por garantir um ambiente seguro durante as eleições.
O novo presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmajo, pouco depois de ser declarado vencedor da eleição. Foto: ONU / Ilyas Ahmed
O novo presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmajo, pouco depois de ser declarado vencedor da eleição. Foto: ONU / Ilyas Ahmed
“O secretário-geral expressa a esperança de que o [novo] presidente se mova prontamente para formar um gabinete inclusivo. O novo governo e os Estados federais devem, juntos, resolver urgentemente as prioridades nacionais, incluindo concluir a Constituição e estabelecer forças de segurança nacionais eficazes”, disse o comunicado.
Guterres destacou também que a atual situação humanitária criada pela seca e o imperativo de evitar a fome devem “estar no topo da agenda”, e que as Nações Unidas estão prontas para apoiar o governo a esse respeito.
“[Guterres] expressa também o seu apreço aos parceiros internacionais, incluindo a União Africana, a União Europeia, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), a Liga dos Estados Árabes e os países doadores pelo seu apoio vital ao processo eleitoral e à continuação da ajuda humanitária”, acrescentou o secretário-geral.

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