A questão Siria, em estágio delicado

Novo fracasso nas conversações causará mais mortes na Síria, alerta negociador da ONU.


Staffan de Mistura apelou a todos que implementem a resolução do Conselho de Segurança 2254, que determina o engajamento dos dois lados em um processo formal de negociações para uma transição política.
Enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura, dá boas-vindas à delegação de mulheres sírias na durante as conversações de paz em Genebra. Foto: ONU/Violaine Martin
Enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura, dá boas-vindas à delegação de mulheres sírias na durante as conversações de paz em Genebra. Foto: ONU/Violaine Martin
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, agradeceu nessa quinta-feira (23) às partes envolvidas no conflito no país por participarem da abertura das conversações de paz em Genebra com o objetivo de pôr um fim à guerra na região.
No discurso de boas-vindas às delegações sírias, Mistura afirmou que “todos sabem o que vai acontecer se houver um fracasso novamente” em chegar a um acordo.
O representante da ONU disse que as consequências vão ser “mais mortes, mais sofrimento, mais atrocidades, mais terrorismo e mais refugiados”. Ele reafirmou que não há solução militar para a crise, somente uma solução política.
De Mistura apelou a todos que implementem a resolução do Conselho de Segurança 2254, que determina o engajamento dos dois lados em um processo formal de negociações para uma transição política.
Ele afirmou que o “povo sírio busca desesperadamente o fim do conflito e todos os participantes sabem disso”.
“Vamos tentar trabalhar juntos para acabar com este conflito horrível e lançar as bases de um país em paz consigo, soberano e unificado”, apelou.
O enviado especial da ONU anunciou que terá reuniões bilaterais nesta sexta-feira (24) para alinhar com os participantes o procedimento e o plano de trabalho para esta rodada de negociações. “Meu sonho como mediador é ter apenas uma delegação em um lado e uma de outro. Assim, é possível fazer o melhor trabalho.”
Em um comunicado de imprensa do porta-voz da ONU, o secretário-geral, António Guterres, afirmou estar animado com o fato de os sírios terem aceitado o convite da Organização e se reunido em uma mesma mesa de discussão.
Guterres também agradeceu a presença dos membros do Conselho de Segurança e do Grupo Internacional de Apoio à Síria (ISSG, na sigla em inglês) na reunião e sublinhou a importância da unidade de no processo político liderado pela ONU nas próximas semanas e meses.
“Depois de seis anos de derramamento de sangue, peço aos sírios que aceitaram o convite de participar do encontro em Genebra que se envolvam de boa fé, já que Mistura procura facilitar o processo”, frisou.

Mulheres e oposição síria sofrem o peso do conflito

O enviado especial da ONU também afirmou que pretende fazer todo o possível para promover o papel das mulheres sírias nos esforços políticos.
Ele prometeu levantar a questão dos detidos, dos sequestrados e desaparecidos como parte das discussões em andamento.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), por sua vez, pediu aos participantes das negociações que coloquem as crianças em primeiro lugar.
Em um comunicado, o diretor-regional do UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África, Geert Cappelaere, disse que pelo menos 20 crianças foram mortas nos ataques no país desde o início deste ano, e muitos mais menores ficaram feridos.
“Os números são uma indicação sombria de que a cessação das hostilidades anunciada em dezembro passado ainda não resultou em verdadeiros ganhos em proteção e assistência humanitária para todas as crianças na Síria”, disse Cappelaera.
“E se estes fossem seus filhos?”, perguntou.
(Com informações da ONU News)

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