Mais de 2,8 mil migrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo nos primeiros 15 dias de 2017

Mais de 2,8 mil migrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo nos 15 primeiros dias de 2017



Segundo Organização Internacional para as Migrações (OIM), durante o período houve 219 mortes, em comparação com os 91 óbitos nas primeiras semanas de 2015. O número de vítimas é considerado baixo pelo Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM, que está investigando relatos recentes que acrescentariam pelo menos mais 200 mortes ao número total.
Navio da Marinha italiana levou 186 pessoas que foram resgatadas no mar. Foto: ACNUR/A.D’Amato
Resgate de migrantes náufragos provenientes da Nigéria, Paquistão, Síria, Sudão, Etiópia e Malásia na costa da Itália. Foto: ACNUR/D’Amato
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou na semana passada que 2.876 refugiados chegaram à Europa pelo mar nos 15 primeiros dias de 2017, em comparação com os 23.664 migrantes que entraram no continente no mesmo período do ano passado.
Os migrantes desembarcaram principalmente na Itália (2.851) e na Grécia (691), repetindo o cenário observado em 2016.
De acordo com a agência da ONU, durante o período, houve 219 mortes, em comparação com os 91 óbitos nas primeiras semanas de 2015. O número de vítimas é considerado baixo pelo Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM, que está investigando relatos recentes que acrescentariam pelo menos mais 200 mortes ao número total.
Funcionários da OIM de Roma informaram que tiveram a oportunidade de falar com quatro sobreviventes de um trágico naufrágio ocorrido no último sábado (14) nas águas entre a Líbia e a Itália. Há relatos de que um barco com cerca de 180 migrantes a bordo teria virado no mar agitado próximo ao largo da costa da Líbia.
“Parece provável que este incidente tenha resultado na morte de mais 100 pessoas. Ainda não sabemos as nacionalidades das vítimas ou se havia mulheres e crianças no navio. Trata-se de um começo trágico para o ano novo”, disse o diretor do escritório de coordenação da OMI para o Mediterrâneo em Roma, Federico Soda.
Em uma operação de resgate separada na semana passada, três imigrantes morreram de hipotermia em um bote resgatado no mar. Os corpos foram levados para a ilha italiana de Lampedusa.
Segundo dados da OIM, na segunda-feira passada (10), cerca de 1.100 imigrantes foram levados para terra por navios socorristas que patrulham no Mediterrâneo: 272 para Lampedusa; 244 para Augusta; e 566 para Catania. A maioria dos resgatados são cidadãos da África Ocidental.
Muitos migrantes relataram à equipe da OIM que atravessaram o mar perigoso para fugir da violência e dos abusos de direitos humanos na Líbia. Eles afirmam não ter outra opção a não ser arriscar a vida nas mão de contrabandistas sem escrúpulos, que muitas vezes os forçam a embarcar apesar das más condições do mar.
“Muitas pessoas que partem da Líbia viajam em botes de borracha inflável que podem transportar até 140 pessoas, e muitas vezes essas embarcações são incapazes de suportar o mar agitado. Sem o excelente trabalho dos socorristas de navios italianos e internacionais que salvam centenas de vida todos os dias, o número de migrantes desaparecidos seria muito maior”, destacou Soda.
A OMI em Marrocos, por sua vez, alertou que o seu escritório está investigando relatos de mortes de migrantes ocorridas nos dias 13 e 14 de janeiro. O escritório de Atenas também reportou fatalidades nos últimos dias.
A agência da ONU também destacou a nacionalidade de mais de 170 mil migrantes irregulares que se registraram na Grécia após entrarem no país pelo mar em 2016.
Como em 2015, o maior contingente de migrantes veio da Síria (79.467). O segundo maior grupo veio do Afeganistão (41.369), seguido pelo Iraque (25.975), Paquistão (8.353) e pelo Irã (5.278). Somente dois outros países registraram mais de mil chegadas: Palestina (1.945) e Argélia (1.629).
Um número menor de migrantes veio de outros lugares, incluindo a África Subsaariana, o Caribe, a América Latina e o sul da Ásia. As autoridades gregas relataram cerca de 173 migrantes da Nigéria, 816 da República Democrática do Congo, 570 do Marrocos, 801 do Bangladesh e 164 do Sri Lanka.
Outros 316 vieram da República Dominicana; 20 partiram do Haiti, e uma minoria saiu da Jamaica, Guiana, Quênia, Bolívia, Azerbaijão, Colômbia, Panamá, Ruanda e Tanzânia.
Foram relatados também três migrantes irregulares com cidadania cubana e quatro do Vietnã.

Operações de resgate na Líbia continuam, apesar de condições climáticas

Após reunião com líderes da Guarda Costeira da Líbia, funcionários da OIM informaram na semana passada (12) que estão implementando um programa de capacitação para melhorar a infraestrutura dos pontos de desembarque do país e aumentar a capacidade das agências envolvidas em operações de resgates.
De acordo com a OIM, 4.576 mortes foram registradas em 2016 entre migrantes que cruzaram o Mediterrâneo em direção à Itália, sendo a maioria das vítimas de origem líbia.
Além disso, a organização da ONU registrou 18.904 migrantes resgatados do litoral líbio. Durante o ano passado, a OIM e o Programa de Desenvolvimento e Proteção Regional da União Europeia apoiaram várias operações de salvamento no mar da Líbia.
A maioria das operações de resgate no mar ocorreu na parte ocidental do país, com 13.024 pessoas resgatadas de Az Zawiyah; 1.933 de Trípoli; 1.803 de Sabrata; 1.681 de Zuwara; e 505 de Al Khums.
Apesar do rigoroso clima do inverno e do mar agitado, os migrantes continuam embarcando numa perigosa viagem pelo Mediterrâneo. Até agora, em 2017, 184 imigrantes foram resgatados no mar, apesar da falta de embarcações e equipamentos navegáveis.
Em 2 de janeiro, 119 migrantes, incluindo 87 homens, 26 mulheres e 6 crianças, foram resgatados de Al Khums. Em 4 de janeiro, 65 migrantes, incluindo 60 homens e 5 mulheres, foram resgatados e cinco corpos foram retirados de Trípoli.
Após as operações de resgates, a agência distribui suprimentos não alimentares, incluindo colchões, travesseiros, cobertores de inverno, bem como roupas e sapatos aos migrantes.
A agência da ONU informou que está trabalhando para realizar cursos de primeiros socorros em três escritórios na região ocidental mais afetada do país, e para aumentar a assistência de emergência aos migrantes resgatados.

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