Falando de Amor
A vida é a arte do encontro como dizia Vinícius de Morais, o poetinha do
amor, que escreveu crônicas poesias e viajou em tantas canções que
embalaram corações e fez felizes muitos casais.
Se a avida é a arte, ela é formatada na criação, na alegria da
existência no compartilhar de esperanças, na crença no futuro e sem isto
é o mesmo que querer admirar o brilho das estrelas durante um temporal
temos dificuldades.
O ritual de nascer, a celebração de viver, a emoção de amar de
reconhecer o terreno, onde plantamos nossas flores, onde criamos um
jardim, onde decoramos com o sentimento amoroso, nossos caminhos de
ternura e felicidade. assim é o ritual que inicia num olhar passa pelo
fogo da paixão e no crepúsculo da existência transforma-se em cinzas.
Assim pode ser um ritual praticamente individual, pra cada casal, pra
cada esperança, pra cada criança que é gerada. Mas pela lógica das
palavras do poetinha do amor. A vida é a arte do encontro mas há também
muitos desencontro pela vida. Ou seja há crises entre casais.
Observando a literatura de Sobonfu Somé, no seu livro "O Espírito da
Intimidade", que trata dos ancestrais africanos sobre a maneira de
relacionar, consta que quando um casal na aldeia está em crise é
necessário um ritual comunitário para separá-lo do problema e
reunifica-lo. E assim as pessoas criam um espaço sagrado próximo d'agua .
depois elas se declaram o propósito do ritual, invocando o espírito e
deixam clara sua intenção. Elas explicam como o casal vem vivenciando
um problema e os tipos de coisas que gostariam que se passassem no
ritual. Elas pedem ao espirito que guiem o encontro, que tragam clareza e
abram seu coração para que possa ouvir. Podem que tenham os pés no
chão, que o conflito seja dissolvido e transformado em algo bom e assim a
fonte da crise é lançada no fogo.
Neste ritual cada parceiro, então entra na água e é submerso pela pessoa
do mesmo sexo. enquanto todos dançam e cantam na margem para agitar a
energia impedindo a sua estagnação. quando o casal sai da agua recebe o
cumprimento e ritual acaba com um agradecimento ao espírito pelo bem
produzido.
É na cultura dagara a água é um elemento crucial para a resolução de
conflitos. Mas há outros rituais como o da cinzas, em que a comunidade
prepara um espaço sagrado com um circulo de cinzas no centro.
Geralmente nestas comunidades há uma crença quase sobrenatural numa
força coletiva. E as individualidades, são expostas e discutidas como se
toda a felicidade que permeia aquele núcleo social pertencessem a
todos, e todos preocupassem com todos.
Na sociedade atual em que vivemos os conflitos particulares são
resolvidos como rituais individuais, usam-se de expedientes
psicológicos. E sobre isto podemos verificar uma explicação de Dr.
Silmar Coelho da Universidade Oral Tulsa dos Estados Unidos em Oklahoma,
fala que há sinais de alertas nos relacionamentos e que é preciso
importar-se para evitar um conflito maior. E a dificuldade é entender
que homens e mulheres agem de forma diferente em diferentes situações, e
o psicólogo vê a necessidade de uma conversa sincera e sem agredir ou
culpar este ou aquele ou melhor se explicando. Para o homem ele
demonstra o seu amor provendo as necessidades da mulher. Para a mulher
isto não basta. Pois a mulher tem necessidade ouvir o tempo todo que é
amada. E assim o relacionamento deve ser construído com verdades. E o
que acontece em alguns casos são pessoas que falam mais do que
necessitam trazendo os problemas para a vida conjugal.
E assim o que percebemos é que numa sociedade coletiva, a solução é
coletiva. Mas numa sociedade capitalista como a que vivemos no Brasil a
solução é quase individual, é o trabalho de um profissional ligado a
psicologia, que as vezes envolve um assistente social e quando há
violência a policia o judiciário e assim por diante.
Sempre que pensamos relacionamentos amorosos conjugais, pensamos no
processo do encantamento, da sedução, na leitura dos poemas. E remetemos
as poesias de Vinícius de Morais, e assim como ele que diz que a vida é
arte do encontro embora haja tantos desencontros pela vida. Mas quando
falamos da literatura do poetinha lembramos do poema "História passional
Hollywood, Califórnia", em que ele escreve " preliminarmente
telegrafar-te-ei uma dúzias de rosas/Depois levar-te-ei a comer um
shop-suey/Se a tarde também for loura abriremos a capota/Teus cabelos ao
vento marcarão oitenta milhas. Dar -me -às um beijo com batom marca
indelével/E eu pegarei tua coxa rija como madeira/Sorrirás para mim e eu
porei óculos escuros/Ante o brilho de teus dois mil dentes de esmalte."
Em outras palavras é preciso resgatar o sonho de um romantismo mesmo
diante de uma fria sociedade contemporânea emergida na loucura do amar,
do apoderar-se da vida do outro, a ponto de perder-se diante da razão de
todos os sentidos. Eu penso que é preciso entender o amor como a
leitura de paz, que parte dos olhos, domina o sentimento íntimo e fica
na expressão de um sonho eterno.
Manoel Messias Pereira
poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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