Crônica - Dia da Mulher guineense - Manoel Messias Pereira













Dia da Mulher Guineense
Quando olhamos a vida, encontramos a beleza. E como escreveu Plotino em "Eneadas", a beleza é mais que a própria simetria uma luz que incide sobre a simetria das coisas e nisto consiste o encanto.
Quando verificamos a história de Guiné Bissau, deparamos com a figura de Amilcar Cabral, assassinado por colonialistas, por meio de espiões que foram colocados dentro do seu partido o PAIGC, como é o caso de Inocêncio Kani. E por isto que Ernestina Silá, conhecida como Titina Silá, se deslocava para acompanhar o funeral de Amilcar Cabral, atravessando o rio Farim numa piroga,  juntamente com várias combatentes, quando tropas portuguesas atacaram a embarcação e Titina morreu e seu corpo desapareceu, no dia 30 de janeiro de 1973. E pra celebrar essa data lembrando a heroína guineense, foi criado o Dia da Mulher guineense.

Um dia de colocar flores, numa homenagem póstumas as grandes heroínas, que deram a vida na luta pela independência de Guiné Bissau. Um dia de lembranças, e um dia reflexivo.

A reflexão parte inicialmente do valor histórico, da luta de todos os guineeses pela liberdade, pela busca de sair das garras imperialistas coloniais. Mas também pelas vidas destas mulheres valorosas, que lutam até hoje, diante de todas as violências que este mundo ainda não conseguem superar. E nisto vimos que as mulheres guineeses, representa uma parcela de 51% da população de Guiné Bissau, e grande parte delas sustentam as suas famílias, embora na representação política elas são a minoria. E entre os problemas que elas enfrentam estão presente as violações dos direitos humanos.

As mulheres guineeses entre os problemas enfrentados constam os casamentos precoces e forçados, que são submetidos as meninas, as violências domésticas, a mutilação genital feminina, o abuso e violência sexual e o assedio sexual nos locais de trabalho.

A desigualdade das mulheres também são facilmente observadas pois elas frequentam as escolas 1/4 menos do que os homens, tem o índice de 3/4 anos de escolaridades e isto segundo o Relatório de desenvolvimento de desigualdade Humano das Nações Unidas. Além de que essas mulheres tem em cada família a média de cinco crianças cada, uma das mais altas taxas de fecundidade, mas das 1000 crianças que nascem 129 crianças morrem antes de completar os cinco anos. E também não há uma estratégia para as mulheres que moram no meio rural.

Na economia, parte destas mulheres vendem peixe nas ruas, e muitas delas possuem arcas velhas para conservar os pescados, outras plantam em casa frutas e verduras e vendem, num serviço ambulante produtos como cenoura, pepino, pimenta malagueta, alface, manga, banana, laranja e outros produtos e neste trabalho ficam em condições perigosas de serem violadas sexualmente. Outras mulheres recolhem areias para os trabalhos na construção civil. E assim temos mulheres pagando escolas, comprando roupa para os filhos.

E preocupados, com os problemas das mulheres, em Guiné Bissau, vemos que o Conselho de segurança da ONU em fevereiro de 2015 prolongou o mandato do gabinete Integrado das Nações Unidas para a consolidação da Paz na Guiné Bissau - UNIOGBIS. E neste contexto o ministro Carlos Correia diz que a luta é para estabelecer uma estabilidade e crê que a missão deva ser interventiva. Além dos problemas já enumerados em relação as vidas das mulheres. O medo ainda tem outros males como o tráfico de drogas e a ameaça de terrorismo. Há quem defenda a mudança de estratégia de trabalho utilizando a ECOMIB, a ECOWAS, CPLP,e a UA, coordenando ações para uma melhor estratégia. E na resolução da UNIOGIS n.s2267 o conselho de segurança da ONU pede ao presidente e ao primeiro ministro ao chefe do parlamento para cumprir os seus compromissos  e levar a estabilidade alicerçado nas necessidades e nos interesses  da população.

Enquanto isto as mulheres tem um projeto chamado 50/50 até 2030: promoção de Igualdade entre homens e mulheres com várias iniciativas para recordar o percurso das mulheres, as dificuldades e as conquistas ao longo de acordos e lutas pelos direitos de oportunidades. Quanto do novo governo, que assumiu no final de 2016, do Ministro Umaro Sissoco Embolá, que tem 24 ministério e 13 secretarias de Estado. E sabemos que 146 Comunidades declaram que estão abandonando a mutilação genital, que é uma prática condenada pelos direitos Humanos.

Entendemos que o sistema capitalista possibilita, que a riqueza concentra-se nas mãos de um classe política e econômica, e que é minoria e quem detém os postos decisórios econômicos e mantém a grande massa num processo pleno de exclusão e diante destas constatações vemos as mulheres das camadas sociais trabalhadora, assim como suas famílias apenas como mão de obra baratas sujeitas a exploração do capital. E em relação a mulher que é mais explorada ficamos com a certeza de que a vida é dura e não há como reportar uma negação nesta minha observação. E nisto penso que o  ser humano percebe a beleza terrena, numa verdade que voa na sua própria direção, e nisto volta -se os olhos para o céu e nota -se que ela beleza, é muito além das simetrias, ou melhor é uma luz que que incide sobre a simetria das coisas do mundo e nisto é que há um encanto. A beleza histórica das mulheres na luta pela existência e pela independência de todo um país, leva-nos a entender da luz sobre a ternura da simetria.


Manoel Messias Pereira

poeta e cronista brasileiro
Membro da Associação Rio-pretense de Escritores - ARPE
Membro Academia de Letras do Brasil -ARPE
São José do Rio Preto -SP. Brasil

 

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